ATA DA TRIGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 11.04.1991.
Aos onze dias do mês de abril do ano de mil
novecentos e noventa e um reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Trigésima Sétima Sessão
Ordinária da Terceira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às
quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas
em avulsos cópias da Ata da Trigésima Sexta Sessão Ordinária, que deixou de ser
votada face à inexistência de “quorum” deliberativo. À MESA, foram
encaminhados: pelo Vereador Adroaldo Correa, 01 Substitutivo ao Projeto de Lei
do Legislativo nº 161/89 (Processo nº 2768/89); pelo Vereador Elói Guimarães,
01 Substitutivo ao Projeto de Lei do Legislativo nº 165/90 (Processo nº
2418/90); pelo Vereador Ervino Besson, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador
João Motta, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 34/91 (Processo nº 876/91);
pelo Vereador José Valdir, 01 Projeto de Lei do Legislativo n° 53/91 (Processo
nº 941/91); pelo Vereador Leão de Medeiros, 01 Projeto de Lei do Legislativo n°
61/91 (Processo nº 1009/91); pelo Vereador Mano José, 02 Pedidos de
Providências; e pelo Vereador Vicente Dutra, 03 Pedidos de Providências. Do
EXPEDIENTE, constaram: Ofícios n°s 01/91,do Presidente da Comissão Especial
constituída para examinar o Projeto de Lei Complementar do Executivo n° 09/88;
168/91, do Sr. Prefeito Municipal; e Circular n° 158/91, do Sr. Prefeito
Municipal; Convite do Sindicato dos Ferroviários do Rio Grande do Sul; e
Impresso, da Câmara Municipal de Glorinha. A seguir, o Senhor Presidente
acolheu Questão de Ordem do Vereador Isaac Ainhorn, relativamente à manutenção
do período de Comunicações nesta Sessão. Em continuidade, o Senhor Presidente
informou ao Plenário que o período de Comunicações da presente Sessão era
destinado a homenagear o Grêmio Náutico Gaúcho pelo transcurso de seu
sexagésimo segundo aniversário de fundação, a Requerimento do Vereador Nereu
D’Ávila. Compuseram a Mesa: Vereador Airto Ferronato, 1° Vice-Presidente da
Câmara Municipal de Porto Alegre, no exercício da presidência dos trabalhos;
Senhor Olavo Pedro Martins de Aguiar e Doutor João Cândido da Silva Carvalho,
respectivamente, Presidentes do Conselho Deliberativo e do Conselho Fiscal do
Grêmio Náutico Gaúcho, e Vereador Clóvis Ilgenfritz, 3° Secretário da Casa.
Após, o Senhor Presidente anunciou e concedeu a palavra aos oradores que
falariam em nome da Casa. O Vereador Nereu D’Ávila, na condição de Autor da
proposição que originou a homenagem e em nome das Bancadas do Partido
Democrático Trabalhista e do Partido dos Trabalhadores, destacou os serviços
que o Grêmio Náutico Gaúcho tem prestado ao seu corpo social desde a respectiva
fundação, parabenizando a atual Diretoria dessa Agremiação pelo trabalho que
vêm desenvolvendo para o engrandecimento do Clube. O Vereador Vicente Dutra, em
nome da Bancada do Partido Democrático Social, registrando que participa do
Grêmio Náutico Gaúcho na condição de associado e de conselheiro, enalteceu essa
agremiação, que qualificou como exemplar em sua área de atuação, e augurou que
a Entidade continue nessa senda. O Vereador Lauro Hagemann, em nome da Bancada
do Partido Comunista Brasileiro, reverenciou fraternalmente o Grêmio Náutico
Gaúcho através dos componentes da respectiva Diretoria presentes em Plenário e
rendeu homenagem às diretorias anteriores pelo trabalho que realizaram. O
Vereador Wilson Santos, em nome da Bancada do Partido Liberal, parabenizou-se
com os componentes da atual Diretoria do Grêmio Náutico Gaúcho, pelo tipo de
trabalho que desenvolvem e ponderou sobre a importância da atividade social de
entidades com objetivos como os do Clube Homenageado. Em prosseguimento, o
Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor João Cândido da Silva Carvalho,
que agradeceu a homenagem prestada pela Casa ao Grêmio Náutico Gaúcho. A
seguir, o Senhor Presidente cumprimentou a Diretoria e associados do Grêmio
Náutico Gaúcho pelo transcurso do aniversário de fundação dessa Entidade,
agradeceu o comparecimento de todos e suspendeu os trabalhos por dois minutos.
Reabertos os trabalhos, o Senhor Presidente registrou que se encontravam na
Casa o Senhor Vitorino Rottondaro, Cônsul Geral da Itália, e Senhora Dra.
Marcela, Consulesa, os quais vinham apresentar suas despedidas face deverem
retornar à Itália, e anunciou oradores que falariam em nome da Casa por ocasião
desse evento. O Vereador Vicente Dutra, em nome da Mesa Diretora da Casa e da
Bancada do Partido Democrático Social, enalteceu qualificações pessoais do
Senhor Consul Geral da Itália e de sua esposa e augurou pelo retorno dos mesmos
à Porto Alegre. O Vereador Ervino Besson, em nome da Bancada do Partido
Democrático Trabalhista, lembrando ensinamentos quanto à preservação da
natureza recebidos da avó de S. Exa., oriunda da Itália, manifestou sua
admiração por aquele País e saudou os visitantes, Senhor Cônsul Geral da Itália
e esposa. O Vereador Giovani Gregol, em nome da Bancada do Partido dos
Trabalhadores, comentou a formação da Itália, a capacidade cultural de seu povo
e a contribuição desse País para o Mundo, em particular para o Brasil, e
registrou que Porto Alegre certamente ficará com saudades do Senhor Cônsul
Geral da Itália. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao
Senhor Vitorino Rottondaro, Cônsul Geral da Itália, que agradeceu pelas
manifestações de apreço recebidas e apresentou suas despedidas. A seguir, o
Senhor Presidente, registrando a presença em Plenário do Senhor José Carlos de
Mello D’Ávila, Presidente da Empresa Porto-Alegrense de Turismo, agradeceu o
comparecimento de todos e suspendeu os trabalhos por dois minutos para a
apresentação de despedidas. Reabertos os trabalhos, o Senhor Presidente
respondeu Questão de Ordem do Vereador Wilton Araújo, relativamente à
existência de resposta a Pedido de Informações de S. Exa., encaminhado através
do Oficio n° 637/91, em sete de março do corrente ano. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
o Vereador Isaac Ainhorn criticou a Administração Municipal pela aplicação do
Índice de Preços ao Consumidor para reajuste da tarifa de água pelo
Departamento Municipal de Água e Esgoto, em descumprimento à Lei Federal n° 8178,
que remete ao Ministério da Economia o poder de autorizar reajustes de tarifas.
E solicitou que seu pronunciamento seja transformado em Requerimento para
audiência da Comissão de Justiça e Redação sobre a legalidade dos reajustes de
fevereiro e março do corrente ano. Após, o Senhor Presidente respondeu Questão
de Ordem do Vereador Wilton Araújo sobre a existência de justificativa para a
demora de resposta por parte do Executivo Municipal a Pedido de Informações de
autoria de S. Exa. Nessa oportunidade, o Senhor Presidente também respondeu a
Questão de Ordem do Vereador Isaac Ainhorn, sobre o encaminhamento à Comissão
de Justiça e Redação de Requerimento formulado por S. Exa. quando em
Comunicação de Líder. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Giovani Gregol
comentou atividades da Comissão de Saúde e Meio-Ambiente face ao advento do
Decreto nº 33 914,do ex-Governador do Estado, que desapropriou cerca de
quatorze mil hectares para ampliação do Pólo Petroquímico, asseverando que tal
área atinge parte do Parque Estadual do Jacuí. E protestou contra o Senhor
Chefe da Casa Civil do Governo do Estado, face a reiterados adiamentos de
audiências. O Vereador João Dib ponderou sobre deliberação da Casa em matéria
de interesse da classe dos carteiros. Manifestou sua descrença na Comissão de
Justiça e Redação, dadas posições que julga contraditórias. E requereu conhecer
das contas deste Legislativo, dos exercícios de 1984 e 1985, rejeitadas pelo
Tribunal de Contas do Estado e anunciou pronunciamento para análise de proposição
de S.Exa., que considera tenha sido usurpada. Em continuidade, o Senhor
Presidente concedeu a palavra ao Vereador Leão de Medeiros, nos termos do
inciso II, do artigo 81, do Regimento Interno, que contraditou pronunciamentos
do Vereador João Dib, ocorridos nas Sessões de ontem e de hoje, comunicando que
deixava de reconhecer a liderança exercida pelo mencionado Vereador. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Wilson Santos parabenizou-se com o Vereador
José Alvarenga pela manifestação deste , veiculada em panfleto, em que
reivindica a revogação do aumento da tarifa dos transportes coletivos. E
invocou pela realização de perícia contábil sobre o montante da arrecadação de
empresas de transportes com o denominado “plus” tarifário. Após, o Senhor
Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Isaac Ainhorn, sobre
retificação de expressão contida em expediente encaminhado ao Executivo
Municipal com vistas ao comparecimento à Casa do Senhor Secretário Municipal
dos Transportes, e João Dib, sobre o cumprimento de formalidades na convocação
do Senhor Secretário Municipal dos Transportes para comparecimento à Casa.
Nessa oportunidade, os trabalhos estiveram suspensos durante quatro minutos.
Reabertos os trabalhos, em TEMPO DE PRESIDENTE, o Vereador Antonio Hohlfeldt,
relatando providências da Mesa Diretora quanto à administração da Casa,
comentou expressão utilizada em expediente da Câmara Municipal para que
Secretário do Município comparecesse à Casa e a não observância de critérios na
formulação de diversos expedientes, exemplificando com Requerimento para
constituição de Comissão Parlamentar de Inquérito para averiguar possíveis
irregularidades na prestação de contas da Empresa Porto-Alegrense de Turismo,
relativamente ao Carnaval deste ano. Na ocasião, o Vereador Wilson Santos disse
que retirava sua adesão ao pedido de constituição de Comissão Parlamentar de
Inquérito destinada a examinar a prestação de contas da Empresa Porto-Alegrense
de Turismo, e o Vereador Wilton Araújo requereu o encaminhamento de consulta à
Comissão de Justiça e Redação relativamente a assinaturas de apoio contidas em
Requerimento para constituição de Comissão Parlamentar de Inquérito. Nada mais
havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, às
dezesseis horas e quarenta e seis minutos, convidando os Senhores Vereadores
para a Sessão Solene, a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores
Airto Ferronato e Clóvis Ilgenfritz e secretariados pelos Vereadores Clóvis
Ilgenfritz e Isaac Ainhorn, este como Secretário “ad hoc”.Do que eu, Clóvis
Ilgenfritz, 3º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após
lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.
O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período de
Temos a satisfação de informar
que o período de Comunicações, hoje, será destinado a homenagear o Grêmio
Náutico Gaúcho, pelo seu 62º aniversário de Fundação, a Requerimento do Ver.
Nereu D’Ávila.
Temos a satisfaço de convidar
para compor a Mesa: Sr. Olavo Pedro Martins de Aguiar e Doutor João Cândido da
Silva Carvalho, respectivamente, Presidentes do Conselho Deliberativo e do
Conselho Fiscal do Grêmio Náutico Gaúcho, e Vereador Clovis Ilgenfritz, 3º
Secretário da Casa.
Informamos que usará a palavra o
Ver. Nereu D’Ávila, proponente desta homenagem.
O SR. JAQUES MACHADO: Ver. Nereu D’Ávila, antes de iniciar seu pronunciamento, gostaria que
fizesse uma menção também especial em nome da Sociedade Gondoleiros ao Grêmio
Náutico Gaúcho e também da Escola de Samba Império da Zona Norte.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente, Airto Ferronato; Srs. Vereadores, eminente
Vice-presidente do Grêmio Náutico Gaúcho, Olavo Pedro Martins de Aguiar;
Eminente Presidente do Conselho Deliberativo do Grêmio Náutico Gaúcho, Dr. João
Cândido da Silva Carvalho, demais membros do Conselho Deliberativo ou sócios
que nos honram com esta presença no Plenário da Casa do Povo Porto-alegrense
nesta tarde.
Tenho a honra de acolher o aparte
do nobre Ver. Jaques Machado, falando em nome da Associação dos Moradores do 4º
Distrito e da Escola de Samba Império da Zona Norte, além de ser honrado em
falar em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores – PT –, por designação do
seu vice-Líder.
Antes de ler algumas linhas,
especialmente construídas para este momento, desejo dizer que esta Casa deve
ser o retrato fiel da sociedade que representa. Portanto, ela deve ter o perfil
desta sociedade, desde a sua base social até a sua elite e, nesta abrangência,
evidentemente, estão inseridos os clubes sociais de lazer e desportivos, como é
a caso do Grêmio Náutico Gaúcho. Então esta Casa sente-se honrada com a
presença da delegação que representa o Grêmio Náutico Gaúcho, que é uma das
mais queridas associações e clubes sociais da nossa Cidade de Porto Alegre e principalmente
dos bairros Praia de Belas e Menino Deus.
Homenageamos, hoje, senhoras e
senhores, com muita satisfação, a passagem de mais um aniversário de fundação
do Grêmio Náutico Gaúcho, patrimônio desta Cidade e por que não dizer, também,
do Rio Grande do Sul.
A Entidade que no dia sete do
corrente completou sessenta e dois anos de glórias tem ao longo de sua
existência, posso assegurar, uma decisiva participação no desenvolvimento das
atividades sócio-esportivas, recreativas e culturais em nosso meio, figurando
entre as mais importantes entidades da história agremiativa Rio-Grandense.
Voltado ao incentivo do esporte e
do lazer, o Grêmio Náutico Gaúcho oferece aos associados um conjunto de quatro
piscinas, além de uma variada modalidade de esportes em sua sede social,
localizada na Avenida Praia de Belas, no Bairro Menino Deus.
E mais: para o conforto e lazer
de seus associados dispõe de uma sede campestre, localizada na Estrada Chapéu
do Sol, em Belém Novo, dotada de toda uma infra-estrutura para a prática do
camping, dispondo, ainda, dos serviços de churrasqueiras ao ar livre e de um
espaçoso galpão crioulo para a realização de eventos nativos.
Mas o desprendimento da atual
Diretoria, liderada por José Erni Severgnini de Souza, não se cinge somente aos
serviços até então assinalados.
Num esforço monumental, acaba de
concluir mais uma importante realização: o complexo piscina térmica e sauna,
incentivando, assim, mais e mais pessoas à prática da natação e ao cuidado da
saúde.
Parabéns, portanto, a todos quantos
participam desse exemplo de agremiação, cuja atividade precípua se direciona às
atividades voltadas ao bem-estar de crianças, jovens e adultos, desenvolvendo,
assim, o espírito do incentivo ao esporte e ao lazer, tão necessário em nossos
dias.
Nosso agradecimento em especial
aos integrantes da Diretoria do Grêmio Náutico Gaúcho aqui presentes,
engrandecendo esta solenidade.
Enfim, esta é uma tarde gloriosa
para todos nós, porto-alegrenses, que convivemos com o sempre renovado Grêmio
Náutico Gaúcho. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a apalavra o Ver. Vicente Dutra.
O SR. VICENTE DUTRA: Ilustre vice-Presidente da Executiva do Grêmio Náutico Gaúcho, Olavo
Pedro Martins de Aguiar; Ilustre Presidente do Conselho Deliberativo do nosso
Grêmio Náutico Gaúcho, João Cândido Carvalho; Ilustres ex-Presidentes;
Conselheiros e demais lideranças do nosso aniversariante, o Grêmio Náutico
Gaúcho; eu não poderia deixar passar sem assomar a esta tribuna, nesta data
importante, para dizer da minha honra em pertencer aos quadros do Grêmio
Náutico Gaúcho, não só como sócio, mas como Conselheiro Fiscal, honrado que fui
pela escolha dos meus amigos. Lá tenho estado já há alguns anos; primeiramente,
como Conselheiro do Conselho Deliberativo; posteriormente, na condição de
Conselheiro Fiscal. Em todo esse período, tenho acompanhado a brilhante
trajetória desse clube que, sem dúvida, é um exemplo de clube para ser seguido,
aqui no nosso Estado e, particularmente, em Porto Alegre. Muito feliz a iniciativa
do Ver. Nereu D’Ávila, sabidamente um grande amigo também do nosso clube, em
prestar esta homenagem. Homenagem justa a um clube que congrega milhares de
pessoas, congrega famílias num bairro tradicional de Porto Alegre, numa época
em que o lazer, a convivência fraterna entre as pessoas se faz necessária, numa
época de tensões a nível do mundo, particularmente do nosso querido Brasil, com
as nossas crises, a convivência, a participação de um clube é vital até para a
saúde daquelas pessoas que têm a oportunidade de usufruírem momentos de lazer,
convivência, de encontro, num clube da categoria do Grêmio Náutico Gaúcho.
Sinto-me honrado também como Vereador por constatar que Porto Alegre tem esse
exemplo extraordinário de agremiação, onde as famílias dos amigos se encontram
e ali confraternizam e desenvolvem as suas atividades esportivas e de lazer.
O Ver. Nereu D’Ávila já discorreu
sobre a trajetória brilhante do Grêmio Náutico Gaúcho, da qual me vou
dispensar, mas não posso deixar de invocar o nome de uma figura extraordinária,
que marcou a existência do Grêmio Náutico Gaúcho: José Otávio Mânica. Faço-o
com emoção, pois foi meu particular amigo, um grande companheiro que,
lamentavelmente, Deus o chamou ainda na flor da idade, quando ainda estava em
sua potencialidade. Na entrada do Grêmio há um busto, e ele sempre nos diz que
rumos deveremos tomar, que caminhos deveremos seguir para a boa administração,
para o bom desenvolvimento de nosso clube, como ele nos deu exemplo, inclusive
com sua própria vida, pois, apesar de doente, ainda estava a colaborar,
defendendo, com muita coragem, sem demagogia, as suas teses e pontos de vista.
Devemos muito a ele. Esta Casa já o homenageou, quando, por unanimidade,
registrou no seio da comunidade uma belíssima artéria, uma rua no Morro Santa
Tereza com o nome de José Otávio Mânica. Lá está a placa, que, numa manhã de
sol, tivemos a oportunidade de inaugurar. Há poucos dias, perdemos outro
Presidente: o Gallo, que também na flor da idade foi acometido de uma doença.
Tenho certeza de que Deus, Todo-Poderoso, está acolhendo esses dois ilustres
gaúchos, porque muito fizeram por nosso clube, deram dedicação. Embora até
tivessem divergências, e as tiveram, isso é salutar nas democracias, assim como
em todos aqueles que desejam ver o desenvolvimento de suas agremiações, lá
estão os dois, agora a confraternizar e olhando pelo nosso Grêmio Náutico
Gaúcho. Se eu não tivesse outras razões, teria uma. Talvez poucos conselheiros
e o meu querido amigo Tisot, grande Presidente, meu particular amigo, e foi
pela mão dele que ingressei no Grêmio Náutico Gaúcho, saibam que a única
medalha que ganhei numa competição foi lá, de 2º lugar de natação, num certame
promovido pela Escola Superior de Educação Física. Esta medalha eu guardo com
muito carinho. Então, se eu não tivesse outras razões – e as tenho muitas –
tenho esta para me honrar e vir aqui festejar com vocês. Em resumo,
companheiros, o que desejo é que o Grêmio Náutico Gaúcho continue como está.
Nada deve ser mexido, continuar como está, inaugurando piscinas, sauna e áreas
de lazer e tantas outras atividades, chapéu do sol. Nada de grandes inovações,
mas devagar e sempre e liderando, como liderou, durante a Lei Orgânica,
reunindo os clubes sociais de Porto Alegre, pois lá, sob a administração do
Tisot, foi pleiteada aos Srs. Vereadores numa reunião memorável no clube,
estendida aos demais clubes da Cidade, a imunidade tributária prevista na
Constituição. Talvez nem as lideranças do Grêmio Náutico Gaúcho saibam da
importância que isto representa constar na nossa Lei Orgânica que os clubes de
Porto Alegre não pagarão tributos. Ao contrário, além de não pagarem, devem
obter recursos, porque o que o clube faz para a sociedade está fazendo para
toda a comunidade. Então, Porto Alegre tomou este passo à frente por iniciativa
do Grêmio Náutico Gaúcho e todos os clubes de Porto Alegre, pequenos, médios e
grandes, hoje, estão imunes. A Prefeitura não poderá mais cobrar impostos, para
que eles possam reverter os seus recursos na própria atividade do clube. Meus
cumprimentos e que Deus continue ajudando a cada um dos senhores na
Administração do Clube. Aqui, modestamente, este sócio e conselheiro estará
sempre torcendo e vibrando cada vez que vê o nome do nosso querido Grêmio
Náutico Gaúcho. Muito obrigado, e parabéns a vocês.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito é o Ver. Lauro Hagemann, que fala pelo seu
Partido, o Partido Comunista Brasileiro.
O SR. LAURO HAGEMANN: Prezado Ver. Airto Ferronato, presidindo esta Sessão; prezado
vice-Presidente, Olavo Pedro Martins de Aguiar; e prezado Conselheiro, Dr. João
Cândido da Silva Carvalho, representando o Clube aniversariante. Eu não podia
deixar de vir a tribuna para, pessoalmente, transmitir um abraço muito afetuoso
ao Grêmio Náutico Gaúcho, pelos seus 62 anos de existência. Inserido num bairro
tradicional de Porto Alegre, no Menino Deus, o Grêmio Náutico Gaúcho cumpre a
finalidade de congregar principalmente aquela população. Uma população de
classe média, que é característica da maioria da população de Porto Alegre. E
tem desempenhado esta função, este papel com muita probidade, senão nós não
estaríamos aqui festejando os seus 62 anos. Eu não tenho nenhum acontecimento
que me ligue particularmente ao Grêmio Náutico Gaúcho, apenas aprendi a
respeitá-lo, a admirá-lo como um dos tantos Grêmios que nesta Cidade congregam
parte da população e que se dedicam a prover esta parte da população de lazer,
de esporte, de um convívio associativo de alto nível e que, por isso, merecem o
respeito da população da Cidade e, conseqüentemente, desta Casa. A única coisa
que me lembro do Grêmio Náutico Gaúcho, e isto faz muito tempo, é que eu recém
havia chegado em Porto Alegre e, trabalhando num meio de comunicação, foi
marcada para a frente do Grêmio Náutico Gaúcho a chegada dos jangadeiros que
vieram de Fortaleza até Porto Alegre. Ainda hoje, se não me engano, está lá o
salgueiro que ficava na rua em frente Clube Náutico Gaúcho, que as águas do
Guaíba vinham lamber. Hoje, essa parte da Cidade foi aterrada. Os mais antigos
ainda se lembram que aquela via, que hoje é a Praia de Belas era, realmente, a
margem do rio. No outro lado da rua ficava o Grêmio Náutico Gaúcho e, em
frente, o salgueiro, onde desembarcaram os jangadeiros. Na época, eu recém estava
chegando em Porto Alegre – isso foi em 1950-1951 – e me gravou na memória o
local do desembarque, que era em frente ao Clube Náutico Gaúcho. Evidentemente
que numa homenagem aos jangadeiros, que tinham percorrido todo aquele trajeto,
e a aportagem na Capital gaúcha diante de um marco que representasse a epopéia,
que era o Grêmio Náutico Gaúcho. Já estive algumas vezes no Clube, mas não
tenho uma vivência mais íntima, embora me agrade cumprimentar a Direção atual
e, conseqüentemente, todas as Direções que trouxeram o Clube até esse 62º
aniversário. Em homenagem à Cidade e aos seus associados, desejo que este
aniversário seja repetido muitas vezes ainda, para o bem daquela comunidade e
daqueles que se associam ao Clube Náutico Gaúcho, como a imagem do que desejam
em termos de lazer, de desporto e de convivência fraterna. Meus parabéns. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Wilson Santos, que fala pelo seu Partido.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Ver. Airto Ferronato; Dr. João Cândido da Silva
Carvalho; Sr. Olavo Pedro Martins de Aguiar, dirigentes do Grêmio Náutico
Gaúcho. Eu, em absoluto, poderia-me furtar desta destinação do período de
Comunicações, numa feliz iniciativa do Ver. Nereu D’Ávila, de parabenizar o
aniversário do Clube e parabenizá-lo, nas pessoas dos dirigentes aqui
presentes. Esta atividade é o tipo de atividade que deveria merecer todos os
tipos de homenagem, porque é o tipo de atividade que se faz de forma
voluntária, em que existe uma verdadeira doação pessoal, é um ato voluntário,
não é um imperativo de lei nem uma imposição jurídica, é algo que parte da
vontade, do desejo de se doar sem gratificação monetária para a comunidade. E,
na medida em que a sociedade mundial e a nossa Nação, especialmente aqui em
Porto Alegre, nós podemos ver quão danosos são os efeitos da sociedade
industrial, dessa sociedade de consumo onde está pesando muito mais na balança
o norte materialista em que o egoísmo, a ganância é realmente, numa visão
entristecedora, o leme que está dando a direção a esta sociedade. Eu tenho
visto com tristeza, como aumentou o número da distância do relacionamento
humano. Vizinhos de porta, de apartamento, sequer se cumprimentam pela pressa
do dia-a-dia, pela competição. Isto vai esmagando os valores éticos, humanos,
os valores espirituais. Eu estou chegando a uma triste conclusão: se não houver
uma retomada urgente, uma redimensão dos valores éticos, dirigidos para uma
valoração maior dos valores espirituais e humanos, nós vamos ingressar no caos
absoluto.
Eu chego a temer pela
insensibilidade daqueles que buscam o lucro pelo lucro, a ganância, o egoísmo,
a insensibilidade de nada fazer pela miserabilidade – e eu digo isto, Srs.
Diretores, ao homenagear o Grêmio Náutico Gaúcho, porque eu tenho uma atividade
política num bairro de Porto Alegre, de classe média, de classe baixa e de
muita pobreza, que é o Sarandi.
Eu vejo que a revolta já toma
conta – o que tenho repetido – desta coletividade, que é honesta, uma
coletividade franca, mas de tanto esperar já está desesperando, porque não se
faz justiça social.
Então, dentro deste materialismo,
perguntaria: mas o que tem a ver o Grêmio Náutico Gaúcho com isso?
Evidentemente, que se fosse numa visão imediatista, ou agora, diria que nada
tem a ver. Mas eu entendo que muito tem a ver, porque a semente, o facho de luz
que representam os clubes sociais é justamente um exemplo de que se pode
divorciar do materialismo, da busca dessa competição apressada e, realmente,
ter um foro onde se cultue e se exercite o relacionamento humano, o amor pelo
seu semelhante, o convívio social, a prática esportiva. E é dentro desse
cenário cruel e algoz da sociedade que venho à tribuna para saudar esses
Diretores que mantêm viva a chama do relacionamento humano e do convívio
social, quando se comemora mais um aniversário do Grêmio Náutico Gaúcho. O que
eu tenho que pedir, justamente, sejam as forças humanas e as forças espirituais
do grande Arquiteto do universo, as forças divinas, a gratificar o trabalho dos
senhores e a impulsioná-los com motivação diária pela construção de alguma
coisa bela que estão fazendo para esta sociedade. E eu que, recentemente,
estive dirigindo o Clube Comercial Sarandi, onde fui Presidente durante dois
anos; eu que também me doei durante um ano na Presidência do Rotary Club do
bairro Sarandi; que fui Secretário do Conselho Paroquial e que hoje estou na
Diretoria do Minuano Parque Clube, eu me considero congênere dos senhores e,
com que orgulho, com que satisfação, com que alegria eu venho na condição de
Vereador com assento neste Parlamento, representando o Partido Liberal,
saudá-los e saudar o Clube que os senhores representam. Muitas e muitas
felicidades para os senhores e para o Clube. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Dr. João Cândido da Silva Carvalho, que fala em
nome do Clube homenageado.
O SR. JOÃO CÂNDIDO DA
SILVA CARVALHO: Exmo Sr. Ver. Airto Ferronato,
Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre nesta Sessão; demais membros componentes
desta Casa, Vereadores, convidados, jornalistas, autoridades presentes. É com
muita emoção que volto a esta Casa. Em 1970 ingressei nesta Casa no quadro de
funcionários, por concurso público, na época Presidia esta Casa o Ver. José
Aloísio Filho, já fazia parte deste Plenário o nosso querido Ver. João Antonio
Dib, o Alceu Cóssio estava presente, também funcionário desta Casa; volto agora
na condição de Presidente do Conselho Deliberativo do Grêmio Náutico Gaúcho, o
Clube que hoje é homenageado por esta Casa. Uma homenagem muito valiosa, uma
iniciativa do Ver. Nereu D’Ávila. Já foi falado bastante aqui pelos que nos
antecederam, especialmente pelo Ver. Nereu D’Ávila das atividades que o Gaúcho
desenvolve, o que oferece hoje à comunidade e a seus associados. O Clube hoje
tem cerca de oito mil associados titulares, isso com os dependentes dá uma
parcela significativa do bairro Menino Deus, são 24 mil associados. O Gaúcho,
hoje, pela localização privilegiada na Avenida Praia de Belas, congrega moradores
do Menino Deus, Praia de Belas, Cidade Baixa e está congregando muitos
moradores da Zona Sul.
Atividade de um clube hoje em
nossa Cidade é muito importante. Os Srs. Vereadores sabem muito bem que o poder
público tem uma série de obrigações com a população: saúde, alimentação,
educação e áreas de lazer. Os clubes ainda estão preenchendo uma significativa
parcela que o poder público talvez devesse fazer. Então, é muito importante a
comunidade de clubes em nossa Cidade.
Quero agradecer especialmente
aqui a manifestação do Ver. Jaques Machado, que faz parte da Sociedade dos
Gondoleiros, um outro querido clube da nossa Cidade; o Ver. Luiz Vicente Dutra,
que faz parte da nossa Diretoria, do Conselho Fiscal; o Ver. Wilson Santos, que
presidiu recentemente o Clube Comercial Sarandi, pelas palavras elogiosas que
nos fez; o Ver. Lauro Hagemann, também queremos agradecer sua manifestação.
Enfim, o Gaúcho é o clube
perfeitamente integrado à comunidade do Bairro Menino Deus e de nossa Cidade.
Nossos sinceros agradecimentos à
Câmara Municipal, especialmente ao Ver. Nereu D’Ávila pela homenagem do
transcurso do nosso aniversário. Pela primeira vez temos a data do nosso
aniversário transcrita nos Anais desta Casa. Um orgulho para nós do Gaúcho.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ilustres componentes desta Mesa, Srs. Vereadores, demais convidados,
senhoras e senhores. Em nome dos Vereadores de Porto Alegre, em nome da Mesa da
Câmara de Vereadores de Porto Alegre, nós cumprimentamos a toda Diretoria, aos
Conselheiros, aos associados do Grêmio Náutico Gaúcho pela passagem do seu
sexagésimo aniversário de fundação. Desejamos felicidades a todos, ao nosso
Clube, e desejamos pleno êxito em todas as suas realizações.
Suspendemos os trabalhos por
cinco minutos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h01min.)
O SR. PRESIDENTE
(Airto Ferronato – às 15h06min): Reabrimos os
trabalhos da presente Sessão.
Comunicamos que se encontra
presente no nosso Plenário o Cônsul da Itália para suas despedidas, eis que
estão retornando para o seu país, a Itália, o Sr. Vitorino Rettondaro e sua
esposa Marcela. Temos o prazer de convidá-los a fazer parte da Mesa.
Convidamos o Ver. Vicente Dutra
para que faça a saudação em nome dos Vereadores da Cidade de Porto Alegre.
O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente, Airto Ferronato; demais Vereadores; Ilustre Cônsul
Vitorino Rottondaro, Srª Marcela, sua esposa. Não poderíamos deixar de
convidá-los, como efetivamente assim foi feito por esta Casa, para que viessem
até a Casa do Povo de Porto Alegre, e aqui recebessem as despedidas deste
Plenário, porque sabemos que V. Sª vai saindo de Porto Alegre, vai para outra
missão diplomática. E esta Casa o recebeu muitas vezes. Tivemos a honra de aqui
confraternizar com V. Sª.
Então, de uma forma singela,
talvez na história do Legislativo não tenha ocorrido outra despedida como esta.
Peço a consideração de V. Sª, porque é uma abertura que a Casa faz dentro de
suas atividades normais. Em vez de fazer uma despedida no Gabinete da Presidência
o faz neste Plenário, porque assim ficará registrado nos Anais da Casa a
gratidão de tudo aquilo que V. Sª representou em Porto Alegre. Vitorino
Rottondaro é o nosso cônsul, nasceu em 30 de outubro de 1919, em São Basílio, é
uma pequena Cidade da Calábria, bem próxima a Morano Calabro, a cidade da qual
sou oriundo com muita honra, e que Porto Alegre tem de calabreses e,
particularmente, de Morano Calabro cerca de 15 mil entre natos e descendentes.
De modo que Porto Alegre é uma cidade calabresa por excelência.
O nosso Cônsul italiano foi
formado em Direito pela Universidade de Nápoles. Em 1952 iniciou a carreira
diplomática por concurso, como 1º Secretário, prestando serviços na Embaixada
da Itália, em Tirana, na Albânia, de 1955 a 1960. Em junho de 1960 até 1964,
exerceu as atividades em Rabad, no Marrocos. Foi conselheiro em Nairobe, no
Quênia, de 1964 a 1989. Ali, segundo sei, nasceu a sua filha.
Retorna ao Ministério em 1969 e é
destinado à Diretoria-Geral de Pessoal. Em 1972 retorna à Embaixada de Rabad,
onde fica até 1977, como 1º Conselheiro. Em 1977 é nomeado Ministro
Plenipotenciário e assume a Direção da Delegação da Itália em San Marino; em
1979 chega ao posto de Embaixador, em Manilla, nas Filipinas, onde foi
promovido ao grau de Embaixador com diplomação, em 1984, e chegou em Porto
Alegre em 1985 na função de Cônsul-Geral, onde permanece até os dias de hoje.
O Sr. Rottondaro é casado com a
doutora em Medicina, Drª Marcela, sua queridíssima esposa e, como disse, vai
deixar muitas saudades aqui em Porto Alegre, pela forma dinâmica, atuante e
determinada, pela fraternidade com que ele produziu os contatos de amizade com
diversas etnias italianas.
Nós sabemos que os italianos, sou
descendente de italianos, e aqui está entrando no Plenário outro representante
da nossa raça, que é o Ver. Giovani Gregol, o Ver. Ervino Besson. Dos 33
Vereadores, um terço são descendentes de italianos. O Presidente, inclusive,
Ferronato.
Mas, estavam divididos os
vênetos, os calabreses, dentro dos calabreses há também alguns grupos e
Vitorino Rottondaro foi determinado na missão de congregar essas etnias todas
numa só união em torno da causa italiana, da colonização italiana aqui no nosso
Estado. E foi feliz nesse intento, porque deixou algumas entidades fundadas e
que graças ao seu dom diplomático, acompanhado de sua queridíssima esposa,
hoje, podemos dizer que os italianos estão pacificados aqui em Porto Alegre.
Nunca guerriaram, mas os italianos, pelo seu próprio “sangue caliente”; como
diz o espanhol, sempre tiveram alguma divisão entre eles. Com a passagem de
Vitorino Rottondaro isso não mais existe. Há a paz e a confraternização entre
os italianos, o que é uma coisa rara. Por isso, nós vamos lembrar sempre dessa
figura extraordinária, muito querida, que passou e está nos deixando,
lamentavelmente, em Porto Alegre.
E eu peço a Deus, meu Querido
Cônsul Vitorino Rottondaro, que onde o senhor vai exercer a sua nova função
possa continuar com essa disposição, com essa jovialidade, com essa
cordialidade que é característica sua e da sua querida esposa. E que outras
comunidades de italianos e de brasileiros, queira Deus, possam usufruir desse
dom que V. Exª tem de propiciar a confraternização, de propiciar o encontro e a
convivência fraterna entre as pessoas. V. Exª vai deixar em Porto Alegre uma
marca indelével, além da lembrança que sempre será muito grata, mas vai deixar
no seio da Cidade uma idéia que foi corporificada dentro desta Casa, que é a
Praça Itália. E veja, Ver. João Dib, V. Exª que conhece Porto Alegre como
ninguém, que tem Porto Alegre em toda sua extensão, na sua mente, Porto Alegre
não tinha uma homenagem sequer à Itália, talvez até porque tinha uma colônia
tão grande, tão próxima, tão existente em Porto Alegre, que não se lembrava que
tinha que homenagear aquela Colônia, porque ela já era Porto Alegre. Por
sugestão do Sr. Cônsul que nos cobrava isso, esta Casa, por unanimidade,
destinou um belíssimo local, logo após o shopping, que está sendo
construído, uma área central, onde será erigida ali a Praça Itália, num extraordinário
Projeto do Faiete. E essa Praça está começando, por coincidência feliz e também
melancólica, está iniciando exatamente no momento em que o Sr. Cônsul se
retira, mas deixa nesta Cidade a sua idéia corporificada. Já tenho dito ao Sr.
Cônsul que essa praça seria inaugurada com a condição única da sua presença. E
aqui transmito ao Sr. “Embaixador” Vasconcelos, que representa o Prefeito nesta
Casa, Sr. Adaucto Vasconcelos, para que a data da inauguração desta praça se
faça após a possibilidade do Sr. Cônsul vir a Porto Alegre. E faremos, de um
jeito ou outro, o possível para que venha com outras autoridades, enfim,
representando o Governo Italiano. Mas só será inaugurada com a presença desse
casal. Este é um pedido veemente que faço, e tenho certeza que traduzo, Sr.
Vasconcelos, o desejo de todos os italianos que convivem nesta Cidade e neste
Estado. Sr. Cônsul, vá para a sua nova missão, com a certeza de que deixa em
Porto Alegre muitos amigos saudosos. E não vamo-nos despedir, apenas um até
logo, pois tenho certeza que V. Exª virá muitas vezes a Porto Alegre, uma delas
para inaugurar a Praça Itália, mas virá também por outras razões, e vamos
provocar para que V. Exª possa vir, juntamente com sua esposa, queridíssima
esposa Marcela, onde tem muito carinho e deixará muitos amigos. Felicidades, e
que Deus lhe ajude na sua nova missão. Muito obrigado por tudo que fez por nós,
por esta Cidade e, particularmente, pelos italianos e brasileiros aqui em Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Giovani Gregol.
O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Airto Ferronato, meu colega, Sr.
Cônsul, Srª Consulesa: a nossa Bancada não desejaria, visto que esta homenagem
está sendo feita pela Câmara Municipal de Porto Alegre, que fala, neste
momento, em nome de toda a população, deixar passar, sem nada dizer. A nossa
Bancada é a segunda maior, composta por nove Vereadores, o que se reveste de
uma importância, pois é a bancada do partido hegemônico do Governo, hoje; o Sr.
Prefeito Olívio Dutra é o seu fundador e militante, é também liderança
reconhecida nacionalmente.
A contribuição da cultura
italiana para o patrimônio da humanidade é imensurável. Por isso também não se
pode deixar passar a oportunidade para dizer algumas palavras. A contribuição
da cultura italiana para o patrimônio da humanidade, patrimônio cultural,
patrimônio tecnológico, patrimônio antropológico, até podemos dizer, é por
demais conhecida. Nós só podemos relembrar isso e reprisar isso. É uma
península, cuja história, cuja cultura, sem dúvida alguma, está no próprio
âmago da história da cultura mundial, em especial da cultura ocidental. E não é
só a história de Roma, do Império Romano, mas já antes de Roma os arqueólogos e
os arqueólogos italianos são os melhores do mundo e de outros países que vão
estudar na Itália, que vão escavar na Itália, já, antes de Roma ser estudada,
já havia civilizações na Península Itálica que tiveram o apogeu anterior à Roma
e decaíram ou foram, inclusive, absorvidas pelos romanos, o caso dos etruscos,
por exemplo, e outros tantos povos, que tiveram uma contribuição importante,
parte da qual o Império Romano herdou e aí espalhou e divulgou pelo mundo, o
patrimônio da língua, chamada a última e bela flor, pelo poeta brasileiro. Nós
falamos, para quem tem um certo ouvido, o francês, o espanhol, o próprio
italiano atual, o português, são uma espécie de dialeto, na realidade, da
língua latina, que também teve a sua evolução. Hoje, o que é incrível no
fenômeno da Itália é a sua permanência, ou seja, depois de tudo isso a
contribuição da cultura da Península Itálica continua sendo parâmetro e
continua dando exemplos para o mundo todo. A Itália é uma das maiores potências
industriais do mundo. É um dos países que, como eu falei, tem história e
continua exportando cultura para o mundo, e a Itália é um país que tem, através
da emigração, feito presença no mundo todo. São milhões e milhões de italianos
natos e descendentes de italianos, seus filhos, netos e bisnetos, que pelo
mundo afora marcam, representam a presença italiana e levam a cultura e a
história da Itália, consciente ou inconscientemente. Aqui no Rio Grande do Sul,
nós temos um exemplo claro disso. O aporte da cultura italiana é fundamental na
história do próprio Brasil e do Rio Grande do Sul, que ainda está sendo escrita
nos bancos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com a Profª Sandra
Jataí Pesavento, por exemplo. Eu, há alguns anos atrás, tive a oportunidade de
conhecer um pouco sobre a contribuição tecnológica que os imigrantes italianos
trouxeram ao processo do próprio nascimento, na gestação da indústria do Rio
Grande do Sul. No Estado de São Paulo, não é à toa que o Estado de São Paulo é
o Estado mais industrializado do País, por várias razões, uma delas,
inegavelmente, segundo os historiadores, pela tecnologia que os imigrantes,
pela iniciativa e pelo conhecimento, trouxeram da Itália e levaram àquele
Estado. Então os italianos, na história brasileira, têm um lugar bastante
privilegiado, sem demérito das demais culturas e das demais raças de países que
aqui estão. A italiana, sem dúvida nenhuma, ela continua se fazendo presente. E
agora nós estamos numa fase, eu queria concluir as minhas palavras e não me
delongar, enfatizando e fazendo minhas as palavras de meus antecessores, mas
tentando falar de outras coisa que sei que os Vereadores compartilham comigo, é
que agora a Colônia italiana, no Rio Grande do Sul – para ficarmos aqui – ela
entra numa nova fase, de maior sofisticação, de elaboração acadêmica,
científica e teórica, numa fase que esses descendentes passam a tornar de uma
forma crescente conscientes do seu passado que está lá na Itália; conscientes
da importância do que os seus ancestrais trouxeram ao Brasil, conscientes do
trabalho que foi realizado, e iniciam um trabalho que não sei se é tão árduo,
mas que é tão importante como o daqueles ancestrais que desbravaram o nosso
ambiente, que levaram um tipo de civilização aos lugares mais recônditos do
nosso Estado, desbravando e estudando essa nossa história própria da nossa
pequena Itália aqui e da contribuição dessa Comunidade ao Rio Grande do Sul e
ao Brasil. É a Universidade de Caxias, a Universidade do Rio Grande do Sul, são
outras Universidades, fazendo pesquisas de arquitetura, de hábitos e costumes,
de dialetos, de culinária, de medicina popular, como o Ver. Ervino Besson
ressaltou desta comunidade aqui que tem diferenças em relação à Itália. Não se
trata apenas de uma comunidade pura e simplesmente transplantada, há novidades
na intenção de manter estas raízes, adaptando aos novos tempos com vistas ao
futuro. E, finalmente, queria dizer que eu, Giovani Gregol, desde pequeno, meu
pai veio da colônia, nunca me conformei, porque tem Aliança Francesa, Instituto
Goethe e a minha gente, puxa vida, não tem cultura, não tem história para
mostrar a nossa Itália? Então, temos que trabalhar neste sentido, no Brasil
todo, e aqui caminhar no sentido de formar aqui o instituto de divulgação da
cultura e da língua e da história Italiana. Instituto Dante Alighieri ou
qualquer outro nome que se dê. Isto é importante, porque temos tanta
importância como as outras colônias têm e temos que ter uma representação
cultural do nível, da estatura que merecemos. Muito obrigado, e Porto Alegre,
certamente, ficará com saudades do casal que tão bem soube aqui representar a
Itália. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Giovani Gregol.
O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Gostaria de dizer que nada ficará sem
resposta e sem esclarecimento. Não tememos esclarecer porque não devemos.
Em segundo lugar, gostaria de
saudar aqui a brava categoria dos trabalhadores da Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos – EBCT –; são os carteiros que estão aqui representados
no momento. E outros estiveram aqui, como membros da direção da categoria que
vem agradecer a Casa o fato de ter sido aprovado, ontem, Projeto de Lei do
Executivo, por unanimidade, que se tentou aqui ridicularizar, alguns Vereadores
tentaram ridicularizar, anteriormente, a respeito dos cães ou animais
perigosos. Algo que é um perigo, ao qual estão bastante expostos. As vítimas
são desta categoria.
Há cerca de vinte dias atrás, a
imprensa divulgou, por iniciativa deste Vereador, como Presidente da Comissão
de Saúde e Meio Ambiente – COSMAM – desta Casa, o fato de que no dia treze de
março passado, ou seja, dois dias antes de passar o cargo ao Governador atual,
Alceu de Deus Collares, o então Governador Sinval Guazzelli assinava um Decreto
de nº 33.214, desapropriando uma área de 14.600 hectares para finalidade de
duplicação do III Pólo Petroquímico do Rio Grande do Sul. Decreto este que é
totalmente ilegal e inconstitucional, fere diretamente a Constituição Federal e
a Constituição Estadual, esta no seu art. 259, quando reza que todas as áreas
de preservação do Estado do Rio Grande do Sul, Ver. João Dib, são inalienáveis,
não podem ser desapropriadas nem permutadas, cedidas, emprestadas, enfim,
intocáveis. E o Parque do Delta do Jacuí é um Parque Estadual de propriedade do
Estado do Rio Grande do Sul e com este ato ilegal e absurdo, o então Governador
desapropriava inclusive terra que já é do Estado. Desta área de 14.600
hectares, da qual se beneficia a Companhia Petroquímica do Sul – COPESUL –,
2.700 hectares – os peritos já mediram – se sobrepõe a área do Delta do Jacuí.
Por que esse parque é importante? Porque da sua manutenção depende a qualidade
da água que milhões de consumidores bebem na Grande Porto Alegre. O Parque do
Delta é a maior área de preservação de toda a Grande Porto Alegre, tão carente
deste tipo de área. O que é a destruição do Parque? Esta área é o filé, área
central do Parque – depende a manutenção do equilíbrio hídrico da nossa região,
ou seja, com a ocupação desordenada desta área, as enchentes e a seca que
desgraçam o nosso Estado, neste exato momento, se darão cada vez com mais
freqüência e com mais violência. E nós fizemos uma reunião na COSMAM que esteve
presente o Governo do Estado, pois o chamamos, estava representado através da Casa
Civil, pelo Dr. José Américo e combinamos uma audiência que foi marcada,
segundo a agenda da Casa Civil, Dr. Mathias Nagelstein, para sexta-feira da
semana passada. Pois bem, pasmem os Srs. Vereadores, na sexta-feira da semana
passada, várias entidades coordenadas e encabeçadas pela COSMAM, entidade como
a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural – AGAPAN –, como a Ação
Democrática Feminina Gaúcha - Núcleo Amigos da Terra – ADFG - Amigos da Terra
–, como a Fundação de Planejamento Metropolitano e Regional – Metroplan –, como
a própria agência ambiental do Estado do Rio Grande do Sul, o ex-DMA, hoje
Fundação de Proteção Ambiental, a Fundação Zoobotânica também ligada ao Estado
do Rio grande do Sul, que administra o Parque do Delta do Jacuí, que é
estadual, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Petroquímicas de Triunfo
– SINDIPOLO –, a Associação dos Geógrafos Brasileiros. Enfim, uma lista
bastante grande e principalmente qualificada, representativa de entidades,
tomou literalmente um chá-de-banco de uma hora e quarenta e cinco minutos
medidos no relógio, à espera da graça do Sr. Mathias Nagelstein, cuja
Assessoria havia marcado audiência na hora em que ele podia nos receber.
Tivemos que nos retirar, não recebemos nenhuma justificativa à altura e, como
Presidente da Comissão, pedi que se marcasse uma nova audiência, porque as
entidades já iam se retirando, já que todos são ocupados, não é só o Dr.
Mathias Nagelstein que é um homem ocupado. Então, a audiência foi marcada para
hoje às onze horas, e aí pasmem os senhores, novamente hoje tomamos um
chá-de-banco de uma hora e trinta minutos e não fomos recebidos pelo Dr.
Mathias Nagelstein. Ou seja, é um desrespeito com a Casa, em primeiro lugar, é
um desrespeito com o movimento ecológico, é um desrespeito com uma série de
entidades, que pela segunda vez consecutiva, em horário marcado pela Casa
Civil, não foram recebidas. Infelizmente começa muito mal a questão ambiental
no governo Alceu de Deus Collares. Não ataquei até agora esse governo, mas não
é possível um tamanho descaso e desrespeito, não é possível lidar. E nós não
vamos mais aceitar, estávamos lá eu, o Vereador vice-Presidente Gert Schinke,
Ver. Ervino Besson, não vamos mais aceitar audiência com a Casa Civil, agora
nós queremos audiência direta com o Governador do Estado e esperamos ser
atendidos na hora previamente marcada. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Ervino Besson, que falará em nome da sua Bancada,
o Partido Democrático Trabalhista.
O SR. ERVINO BESSON: Ver. Airto Ferronato, presidindo esta Sessão, Srs. Vereadores, Sr.
Vitorino Rottondaro, Cônsul da Itália, sua querida esposa, é com muita honra
que falo em nome do meu Partido, o Partido Democrático Trabalhista. Tenho dito
muitas vezes que o meu sonho é conhecer a Itália, porque meus avós vieram de
lá, de Gênova. Portanto, tenho um pouco de sangue italiano, a ligação com
aquela imagem que sempre há na memória da gente é o local de origem, é o local
de onde vieram meus avós. Mas eu me lembro muito bem, Sr. Cônsul e sua querida
esposa, os exemplos que a minha avó trouxe da Itália, em especial, Ver, João
Dib, Ver. Vicente Dutra, Ver. Giovani Gregol, que é Presidente da nossa
Comissão do Meio Ambiente, que, muitas vezes, eu lembro da minha avó, da minha
querida falecida avó, porque ela nos deixou, para mim e para a minha grande
família, que hoje reside em Porto Alegre e no interior do Estado, as belas
lembranças que a minha avó nos deixou, principalmente a conservação da
natureza. Se nós hoje fôssemos ao interior do Estado, nós iríamos encontrar, de
todas aquelas famílias que vieram da Itália, tenho certeza, Ver. Airto
Ferronato, e V. Exª também é do interior e sabe disso, que ali nós encontramos
uma reserva de uma mata virgem. Hoje, a natureza está sendo castigada e
massacrada pelo homem; e a minha avó sempre dizia: meus queridos filhos, vocês
têm que conservar a natureza, porque a natureza não depende do homem para a sua
sobrevivência, mas sim o homem depende da natureza para sua sobrevivência. Eu
me recordo, Sr. Cônsul, que a minha avó, ela trouxe milhares de ensinamentos e
coisas boas da Itália, principalmente os remédios caseiros, Ver. João Dib, V.
Exª sabe que lá onde nós fomos criados era no sertão, na mata; e, 1á, o nosso
tratamento para diversos tipos de doenças, inclusive mordida de cobra – eu fui
uma pessoa que foi picada por cobra duas vezes, e não fui ao médico; o médico
era a minha avó –, pé destroncado, uma série de lesões, benzeduras, tudo isso
quem fazia era a minha avó. Eu, um dia, comentei com o Ver. Antonio Hohlfeldt,
Presidente desta Casa, e naquele bate papo amigável, disse para ele o que
representou a minha avó e o que ela fazia naquela região onde nós morávamos.
Contei para ele sobre os medicamentos que a minha avó tinha. Lá eram
diariamente, dezenas e dezenas de pessoas que vinham para procurar aqueles
medicamentos naturais.
Portanto, repito, querido Cônsul
e querida Consulesa, hoje que vocês estão-se despedindo para voltar à Itália, a
vontade de conhecer a Itália é enorme, pois ela representa, ao mundo inteiro,
muitos ensinamentos. Ela foi arrasada pela guerra e se recuperou, porque ela
tem um povo que trabalha, que se preocupa, sim, com o trabalho.
Encerrando, é com alegria que estou
dirigindo-lhes essas humildes palavras. Peço a Deus que lhes dê saúde. Vão
retornar daqui a poucos dias para a Itália e levam do povo gaúcho e brasileiro
uma bela imagem. Nós, aqui, temos certeza de que temos uma admiração e todo
carinho ao povo italiano, tão querido, tão amável. O meu abraço. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Cônsul da Itália, Vitorino Rottondaro.
O SR. VITORINO
ROTTONDARO: Sr. Presidente da Câmara Municipal, Ver. Airto
Ferronato; Sr. Ver. Vicente Dutra; Ver. Ervino Besson; Ver. Giovani Gregol;
demais Vereadores; senhores e senhoras. Antes de mais nada, gostaria de dirigir
o meu sincero agradecimento à Exma Câmara Municipal que, por
sugestão do Ver. Vicente Dutra, meu caro amigo, decidiu dedicar parte da sua
Sessão de trabalho para dirigir um cordial cumprimento ao representante da
Itália no momento em que ele deixa o Rio Grande do Sul ao final de sua missão
neste Estado. Já outras vezes tive a honra de ser convidado e assistir a
cerimônias análogas, como as quais a Excelentíssima Câmara Municipal quis
prestar homenagem a cidadãos italianos ou descendentes de italianos por terem
eles merecido estima da Cidade de Porto Alegre por atos importantes. Hoje é a
minha vez de ser recebedor da atenção dessa Excelentíssima Câmara e com sinceras
emoções e profunda alegria que registro este evento no grande livro de
recordações da minha longa carreira diplomática de mais de quarenta anos. A
Excelentíssima Câmara, ao dedicar a sua atenção num momento tão particular e
tão significativo não está prestigiando somente a mim, que tive a honra de
representar por seis anos o meu País neste Estado, mas, na verdade, através de
mim, ela está enfatizando os fortes laços de amizade que sempre existiram entre
o Brasil e a Itália, aquela Itália de onde há mais de um século chegaram os
primeiros imigrantes italianos, que com grande sacrifício, grande dignidade e
honestidade souberam se afirmar nesta generosa terra gaúcha, deixando a sua
marca indelével e os seus vínculos de sangue que hoje representam os laços indissolúveis
das últimas revelações que, felizmente, existem entre os nossos dois países. Na
Cidade de Porto Alegre representam uma numerosa coletividade de cidadãos
italianos, que mesmo vivendo com uma constante lembrança da Itália distante
souberam se integrar completamente na realidade rio-grandense, e hoje são
felizes em dar a sua contribuição para o enriquecimento sócio-econômico do
Estado. O Consulado-Geral, que tive a honra de dirigir por todos esses anos,
sempre procurou fazer um trabalho de sensibilização, voltado a estabelecer uma
relação mais estreita no campo econômico e no campo cultural. Favoreceu a vinda
de delegações comerciais e culturais e deu a sua melhor colaboração às duas
universidades, a Federal e a Católica. Colaboração que estendeu, também, a
outras universidades e instituições culturais Municipais e do Estado, através,
também, da concessão de bolsas de estudos para que os jovens destinatários, ao
final de seus cursos, pudessem trazer a Porto Alegre a imagem da nova Itália, a
imagem da Itália rica e tecnologicamente avançada, a Itália que por pleno
direito faz parte da Comunidade Econômica Européia. Nesta ocasião, me é grato
registrar, como já disse ao Ver. Dutra, a simpática decisão tomada no ano
passado pela Excelentíssima Câmara, pelo Município de Porto Alegre, de dedicar
à Itália uma praça desta Cidade. A medida, que será concretizada no próximo mês
de setembro, foi recebida com grande satisfação por toda comunidade italiana.
Sr. Presidente, é com estes
sentimentos de admiração e de amizade que dirijo ao Ver. Luiz Vicente Dutra e a
todos vocês o meu mais sincero agradecimento por essa comovente atenção que
estão dedicando à Itália e a mim pessoalmente e desejo a todos vocês os
melhores votos de felicidade e para o povo e a Cidade de Porto Alegre desejo
toda prosperidade que merecem. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nós registramos a presença, neste Plenário, do Dr. José Carlos de Mello
D’Ávila, Diretor da Empresa Porto-Alegrense de Turismo S.A.
Agradecemos ao Sr. Vitorino
Rottondaro e a sua esposa Marcela pelo trabalho que realizaram em nosso Estado
e aqui em Porto Alegre e desejamos pleno êxito nas suas novas funções. Muitas
felicidades!
Vamos suspender os trabalhos da
presente Sessão, por dois minutos, para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h39min.)
O SR. PRESIDENTE (às
15h43min): Dou por reabertos os trabalhos da presente Sessão.
Inicialmente, informamos a
satisfação de termos conosco, no Plenário desta Casa, o Vereador e ex-Presidente
desta Câmara de Vereadores, José César de Mesquita.
O SR. WILTON ARAÚJO
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, gostaria de ser esclarecido pela
Mesa Diretora da Casa sobre o ofício enviado pela Casa ao Executivo Municipal,
Ofício de nº 637/91, do dia sete de março. É um Pedido de Informações, de minha
autoria e que, segundo a Lei Orgânica, deve ser respondido no prazo de trinta
dias. Gostaria de saber se já chegou a resposta ou não.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa já lhe dará a informação, Vereador.
Com a palavra o Ver. Isaac
Ainhorn, que fala em Tempo de Liderança, pelo Partido Democrático Trabalhista.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu ocupo este Tempo de Liderança da
Bancada do Partido Democrático Trabalhista – PDT – para exatamente trazer o
fato que vem causando um ônus excessivo à população da Cidade de Porto Alegre,
causado pela atual Administração, que vem aplicando indevidamente os índices do
preço ao consumidor na tarifa d’água da Cidade de Porto Alegre, nos meses de
fevereiro e março e incidindo o aumento de 19,91% sobre o preço da tarifa
d’água na taxa da água cobrada no mês de março e o índice de 21,87% no mês de
março, que incidiu na tarifa da água que está sendo cobrada neste mês.
No nosso entender, Srs.
Vereadores, a população vem sendo vergonhosamente ludibriada nos últimos meses
pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos – DMAE – que por duas vezes já
reajustou, indevidamente, o valor de suas taxas, quando as disposições legais
do Plano Collor estabelecem o congelamento de preço dos produtos e serviços
consoante o artigo primeiro da Lei nº 8.178, “Preços e bens e serviços...” Sr.
Presidente, eu peço providências que há um Vereador que está tocando fogo aqui
na tribuna. Eu acho, lamentavelmente, que há pouca seriedade de alguns
Vereadores no trato de assuntos da Cidade. Quando assuntos sérios são trazidos
ao conhecimento, como esse abusivo aumento da tarifa do preço da água na Cidade
de Porto Alegre, a Bancada diminuta, neste momento, do Partido da
autodenominada Administração Popular, o Partido dos Trabalhadores, passa para a
brincadeira, para a chacota e para a pouca seriedade nos trabalhos deste
Legislativo. Eu dizia, Sr. Presidente, que o artigo da Lei nº 8.178 estabelece
que: (Lê.) Vejam V. Exas que, ignorando completamente estes
dispositivos legais, o DMAE aumentou duas vezes, após o congelamento dos preços
e serviços, a tarifa de água de Porto Alegre. E está tão congelado o preço da
água, Sr. Presidente, que hoje, em Brasília, as companhias estaduais de água
estão em contato com a Ministra Zélia Cardoso de Mello com o objetivo de buscar
o direito de aplicar a taxa referencial do reajustamento da água nos diversos
estados, inclusive a Companhia Rio-Grandense de Saneamento – CORSAN – está com
a sua tarifa congelada, mas o DMAE, a Administração autodenominada popular, que
ignora as dificuldades da população que tem os seus salários achatados, insiste
em aumentar a tarifa d’água. É lamentável que isso ocorra e é nesse sentido,
Sr. Presidente, que transformo nesta oportunidade este meu depoimento aqui,
esta Comunicação de Liderança num Requerimento, solicitando que a Douta
Comissão de Justiça desta Casa manifeste-se sobre a ilegalidade, ou não, da
prática adotada pelo Departamento Municipal de Habitação em desrespeito ao congelamento
dos preços de serviços da Cidade de Porto Alegre, porque na realidade, e vejam V. Exas dois pesos e duas
medidas, enquanto a Administração autodenominada popular, esta que está aí,
aumenta 21,87 % a água no mês de março, ela não quer conceder aos funcionários
públicos esse mesmo direito. Dois pesos e duas medidas, não se falando,
evidentemente, o abusivo aumento na tarifa do transporte coletivo, que essa
parece que houve um acerto das Administrações Petistas com o Governo Federal.
Mas estamos tratando das tarifas da água. Queremos, Sr. Presidente, requerendo
que esta Comunicação de Liderança da mesma conste um Requerimento para que a
Comissão de Justiça da Casa manifeste-se sobre a legalidade ou não dos
critérios de reajustamento adotados na tarifa da água, à luz, de um lado, do
art. 19 da Lei nº 8.178, e de outro lado, os reajustamentos praticados após o
dia 30 de janeiro, nos índices de 19,91% e no mês de março com repercussão em
abril, de 21,87%.
Solicito que as notas deste
pronunciamento sejam autuadas em expediente próprio e remetidas à Comissão de
Justiça para que, reitero, Sr. Presidente, manifeste-se sobre a legalidade ou
não em reajustes da tarifa da água na Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ver. Wilton Araújo, em resposta
ao Requerimento relativamente ao Ofício nº 637/91 comunicamos que o Protocolo
informa que até a presente data não há registro de resposta. Com relação ao
Requerimento formulado pelo Ver. Isaac Ainhorn, solicitamos que o faça por
escrito para que coloquemos em votação.
O SR. WILTON ARAÚJO (Questão de Ordem): A Mesa informa que não tem resposta ao Pedido de Informações. Adendaria
mais ainda, dado dispositivo orgânico. Existe, ou chegou à Casa qualquer
justificativa no sentido de não se cumprir determinação dos prazos legais?
O SR. PRESIDENTE: Responderemos a seguir.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Fiz uma solicitação no sentido de que a Comissão de Justiça se
manifestasse sobre a questão legal que suscitei. Entendo e gostaria de que V.
Exª, com a assessoria da Diretoria Legislativa decidisse que este pedido de
ouvida da Comissão de Justiça independe de votação. É uma questão que poderia
até ser colocada como Questão de Ordem. Acho que, de plano, V. Exª pode
despachar. Como o Requerimento está transcrito nas notas taquigráficas, é só
despachar.
O SR. PRESIDENTE: Já lhe concederemos a resposta.
O SR. VIEIRA DA CUNHA (Questão de Ordem): Eu estive hoje na Casa Civil tentando também falar com o Senhor Chefe
da Casa Civil e aguardei das dez horas às treze horas e quinze minutos,
finalmente foi quando consegui ser recebido pelo Dr. Mathias Nagelstein, que
estava atendendo junto ao Governador, compromissos em relação ao episódio dos
sem-terras. E o Dr. Mathias Nagelstein manifestou que virá à Câmara Municipal
de Vereadores tratar desse assunto com o Ver. Giovani Gregol e a Comissão de
Saúde e Meio Ambiente.
O SR. ADROALDO CORRÊA (Questão de Ordem): A Explicação Pessoal do Ver. Vieira da Cunha não é uma Questão da
Ordem.
O SR. PRESIDENTE: Está registrado e procede o
registro.
Informamos ao Ver. Wilton Araújo,
com relação ao seu Ofício nº 637/91, que não há justificativa do não
encaminhamento do referido Processo. Com relação ao Requerimento efetuado pelo
Ver. Isaac Ainhorn, procedem as suas observações na Questão de Ordem e o
Requerimento será acatado e encaminhado, os registros taquigráficos, à Comissão
de Justiça e Redação.
Liderança com o Partido
Democrático Social – PDS, Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, antes de mais nada, quero dizer que esta Casa aprovou o Projeto de
Lei do Executivo que interessava especialmente aos carteiros, sem nenhum
desrespeito, sem nenhuma chacota, apenas tentou e conseguiu aperfeiçoar o
Projeto de Lei do Executivo. É verdade que houve Vereadores sugerindo que no
Paço dos Açorianos tivesse na frente também uma placa. Mas o Ver. Isaac Ainhorn
encaminha à Comissão de Justiça um Requerimento para a análise de uma tarifa
por certo indevidamente aplicada pelo DMAE. Eu já havia feito um Pedido de
Informações nesse sentido, mas eu não acredito na Comissão de Justiça, porque
depois de ver um Projeto relatado e aprovado por quatro a três, ou melhor,
derrubado o Parecer do Relator por quatro a três, eu tive a triste oportunidade
de ver o mesmo relato ser contrário à posição deste Vereador por seis a um. Eu
nunca tinha visto nada igual. Mas também não adianta esta Comissão de Justiça,
como também não adianta o Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn.
No ano passado, esse Vereador
suscitou uma Questão de Ordem que foi à Comissão de Justiça, porque o Prefeito
desta Cidade aumentava irregularmente, mas, aí, flagrantemente, as tarifas do
Departamento Municipal de Água e Esgotos. E o que aconteceu? A Comissão de
Justiça concluiu que o Prefeito deveria ser advertido, o Plenário entendeu que
o Prefeito deveria ser advertido, e ficou tudo por isso mesmo. Ficou tudo por
isso mesmo, porque, até hoje, eu não vi o documento que advertia o Prefeito da
irregularidade que ele cometia, Mas, mais do que advertir o Prefeito, a
Comissão de Justiça deveria ter determinado a devolução do dinheiro cobrado a
mais da população porto-alegrense. Portanto, a Comissão de Justiça, que me
trocou uma folha de papel num processo, não está merecendo a minha confiança. Vai
ter que provar de novo que tenha credibilidade, porque, por enquanto, eu estou
colocando as minhas dúvidas e as minhas suspeitas sobre aqueles que trocaram
seus votos. Sr. Presidente, vou fazer um Requerimento e peço que a Taquigrafia
anote, porque eu já fiz dez vezes. Eu quero saber das contas rejeitadas da
Câmara Municipal nos anos de 1984 e 1995. O Tribunal de Contas rejeitou as
contas da Câmara e eu quero saber o que é que aconteceu com essas contas
rejeitadas pelo Tribunal de Contas e que até agora não me foi dado ciência do
que ocorre com essas contas. Eu quero saber dessas contas. E, na próxima
semana, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou fazer uma análise muito profunda
do outro projeto em que eu fui usurpado por várias Comissões desta Casa, não mais
pela Comissão de Justiça. O projeto vai ser muito bem analisado, porque eu não
vou admitir e não vou perder a oportunidade de repetir: fui usurpado e vou usar
todas as oportunidades que eu tiver para reclamar aqui, fora daqui, onde eu
esteja, na sociedade, nos meus familiares, nos amigos e naqueles que me
escutarem: fui usurpado, fui agredido e vou reagir com o Regimento Interno e
com a Lei Orgânica e com a verdade, porque trocar folhas em processos não é
procedimento para uma Câmara que tem dignidade. E por isso, Ver. Isaac Ainhorn,
que o seu Requerimento à Comissão de Justiça e Redação – CJR – pouco se me dá.
Sou obrigado a dizer o que disse para o Sr. Lula; critiquei-o por ter dito que
pouco se me dá o que aconteceria com o Plano Collor. Pois, agora, pouco se me
dá com o que a Comissão de Justiça vai dizer para o irrepreensível dono da
verdade nesta Cidade, Sr. Olívio Dutra. Acho que a placa seria bem colocada no
condomínio dos açorianos. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Sr. Presidente, nos
temos do art. 81, inciso II, requeiro o benefício para uma comunicação urgente
e importante.
O SR. PRESIDENTE: Tempo concedido por dez minutos.
V. Exª está com a palavra.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Sr. Presidente,
inicialmente agradeço a compreensão de V. Exª. O assunto é importante e me traz
a esta tribuna agora e já. (Lê.)
“Amargurado, abatido, ainda
perplexo e sentindo-me agredido, venho à tribuna para comentar um
pronunciamento proferido ontem, intempestivamente desta mesma tribuna.
Na infância, eu como todas as
crianças, convivíamos com um brinquedo chamado “João Teimoso”. Teimoso, porque
mesmo empurrado não cedia. E todos conhecemos o “Joãozinho do Passo Certo”,
aquele que tem sempre razão, é dono da verdade.
Aqui, ontem, reeditaram-se as
cenas do “João Teimoso”, do “João do Passo Certo”, do dono da verdade, do que
não erra, daquele que calcula de cabeça, e nem sempre bem. Intempestivamente,
despropositadamente, mais uma vez como tem ocorrido com freqüência desta
tribuna, com incontinência verbal exacerbada, o Ver. João Dib, buscando os
exemplos de Aloísio Filho e Loureiro da Silva, vem deitar falação, tentando
puxar as orelhas da Casa, seus servidores e, especialmente, de Vereadores,
inclusive e muito especialmente de seus colegas de Bancada, pregando lições de
moral, acusando a Casa de procedimentos indignos e vergonhosos.
Não contente com o seu destempero
verbal, acusa escandalosa e levianamente seus colegas, entre eles os do seu
próprio partido de procedimento legislativo desonesto no âmbito da Comissão de
Justiça, quando ao final com as explicações trazidas ao Plenário tudo ficou
esclarecido.
Chega! Chega, Srs. Vereadores, de
aceitar calado insinuações de quem se diz o puro no meio de pecadores.
Chega de aceitar as
idiossincrasias sempre relevadas de quem comete a indignidade, sim, de falar no
espaço de Liderança (conferida pelos seus colegas de Bancada) para,
deslealmente, investir contra aqueles que exatamente o escolheram para
liderá-los! Chega de aceitar as orientações de quem se acha dono do Partido em
Porto Alegre e de quem até hoje não deglutiu a capacidade que seus colegas
tiveram em conduzir um acordo político na Casa.
Não aceito. Tenho nos ombros mais
de trinta anos de função pública invejada e respeitada, alcançando, como ele, a
mais alta função da profissão perigosa e violenta que exerci para aceitar
calado, sem reagir, seus lances de mau humor e ser publicamente advertido, como
se fosse um moleque qualquer.
Chega, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, especialmente meus Colegas de Bancada de aceitar o comando de quem
não tem serenidade para exercê-lo.
A partir deste momento, deixo de
reconhecer a Liderança do Ver. João Dib.” Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Wilson
Santos, pelo Partido da Frente Liberal.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, ao decretar o aumento das passagens, a Prefeitura cometeu um erro
muito sério, é preciso revogar já o Decreto do tarifaço e não voltar a aumentar
a passagem sem a concordância dos trabalhadores. Para resolver a crise dos
transportes, é preciso antes acabar com o controle dos empresários sobre o
serviço de ônibus. A passagem de ônibus, em Porto Alegre, subiu de 53,77 para
75, é o maior tarifaço, 39,05, aplicado nos últimos meses contra os usuários de
ônibus. A tarifa já 64,4% em 1991. O mais grave é que o preço dos combustíveis,
óleos, lubrificantes, pneus e ônibus não subiram desde janeiro. A Prefeitura e
os empresários dizem que o tarifaço é necessário para cobrir o reajuste salarial
dos rodoviários e a renovação da frota, mas não é possível aceitar esta
explicação. Na realidade, vejam Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o tarifaço
serve para compensar o dinheiro que as empresas de transporte deixaram de
ganhar com o plus tarifário. E aqui eu quero agradecer ao PT e ao Ver.
José Alvarenga a homenagem que faz pela derrubada que liderei do plus
tarifário. Ele diz: para que deixar de ganhar com o plus tarifário
suspenso pela Justiça? E todas as quatro ações na Justiça foram protagonizadas
por mim. O plus era um percentual acrescido na tarifa, pago pelos
passageiros e destinado à compra de ônibus novos. Com a cobrança do plus,
as quatorze empresas privadas controlam o transporte e faturam mais de um
bilhão. Não vou ler todo o panfleto. Não é um bilhão. Eu afirmei aqui que, nos
330 dias foram 3 bilhões, 300 milhões arrecadados e não foram comprados a vista
os ônibus. O Sr. Prefeito e o PT me devem e cobro uma perícia contábil por
auditoria externa independente, e eu desafiei publicamente o Prefeito, fiz
ofício, pedi audiência, não me foi dada e o ofício não respondido. O desafio
público, publicado no Jornal do Comércio, no Jornal Zero Hora e no Jornal
Correio do Povo e pelas rádios, a resposta dele à perícia contábil foi
simplesmente o silêncio.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Volto a insistir, Sr. Presidente, sexta-feira foi aprovado um
Requerimento convocando o Secretário Municipal dos Transportes para que venha a
esta Casa prestar os esclarecimentos necessárias sobre o abusivo aumento da
tarifa. Espero uma resposta de parte da Mesa a esta convocação, porque acho que
está acontecendo algo errado, porque a unanimidade votou favorável à vinda dele
e a população aguarda com expectativa este pronunciamento, porque já houve o
precedente que é a ocultação de dados ao Ver. Wilson Santos, que se negaram a
dar. Então, queremos a vinda do Secretário Municipal dos Transportes que está
se esquivando.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa que foi
encaminhado ofício, convocando o Secretário e nos termos do art. 201, § 2º,
temos o seguinte: “o convocado comunicará dia e hora de seu comparecimento,
encaminhando, com antecedência de três dias úteis, exposição em torno das
informações solicitadas”. Informamos que já foi encaminhado esse ofício.
O SR. ISAAC AINHORN: Quando?
O SR. PRESIDENTE: Anteontem, segundo informação da
Assessoria.
O SR. ISAAC AINHORN: Anteontem? Dia...?
O SR. PRESIDENTE: Vamos aguardar para confirmar o
dia, porque a Câmara efetivamente enviou esse ofício.
O SR. ISAAC AINHORN: V. Exª falou anteontem!
O SR. PRESIDENTE: Nós vamos aguardar, Vereador.
O SR. ISAAC AINHORN: Então não enviou!
O SR. PRESIDENTE: Enviou. Nós vamos buscar o
ofício para lhe informar a data correta em que foi enviado.
O SR. ISAAC AINHORN: V. Exª falou anteontem!
O SR. PRESIDENTE: Suspendemos os trabalhos por
dois minutos, até que o ofício nos seja encaminhado.
(Suspendem-se os trabalhos às 16h20min.)
O SR. PRESIDENTE (às 16h21min): Estão reabertos os
trabalhos da presente Sessão.
Ilustre Ver. Isaac Ainhorn, nós
informamos a V. Exª que o ofício foi encaminhado no dia 9 de abril de 1991,
Ofício nº 968/91, Processo nº 0003/91. Hoje é dia 11, portanto, anteontem.
Estava correta a informação da Mesa.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Nobre Vereador Presidente em exercício, não informa, aqui, a ida do
Requerimento. Em segundo lugar, eu não requeri convite ao Sr. Secretário
Municipal de Transportes como está aqui. Esta Câmara, Sr. Presidente, convocou
o Secretário, não convidou, porque quem aumenta tarifa desse jeito, não tem
convite, tem que ser convocado e a Câmara aprovou a convocação. Eu sugiro a
retificação desse Oficio, porque não se trata de um convite, se foi assim, foi
errado e não cumpriu o Regimento Interno.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa esclarece a V. Exª que se
antecipou a V. Exª e já retificou a mensagem ao Sr. Secretário.
O SR. ADROALDO CORRÊA: (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a Mesa já respondeu, embora não tenha se estribado em
nenhum artigo do Regimento para sua peroração.
O SR. PRESIDENTE: Registrada a sua Questão de
Ordem.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, eu tento formular uma Questão de Ordem, gostaria de saber se foi
cumprido o ritual todo necessário para convocação do Sr. Secretário Municipal
dos Transportes.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa já informou a respeito.
O SR. JOÃO DIB: Então, peço perdão à Mesa se ela
já informou. Mas eu pergunto se o ritual foi cumprido e não apenas a convocação
do Sr. Secretário. Há um ritual a ser cumprido.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa irá responder
imediatamente.
Suspendemos os trabalhos por dois
minutos.
(Suspendem-se os trabalhos às 16h24min.)
O SR. PRESIDENTE (às 14h25min): Dou por reabertos os
trabalhos da presente Sessão. Informamos ao nobre Vereador o seguinte: que este
Processo foi encaminhado pelo nobre Ver. Isaac Ainhorn, no dia 5 de abril de
1991, a votação se deu na semana passada. A Mesa encaminhou o ofício ao Sr.
Prefeito no dia 9. E, efetivamente, não há nenhuma exposição dos quesitos onde
consta, no art. 201, porém estes quesitos não foram colocados no Requerimento
do Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Apenas para um esclarecimento. Se V. Exª ler o Requerimento, verá que a
convocação é para um quesito que já está formulado no Requerimento. Leia-o,
Ver. Presidente em exercício.
O SR. PRESIDENTE: Procede, nobre Vereador, e está
respondida a Questão de Ordem do Ver. João Dib, foram atendidos todos os
quesitos nos termos da exposição do Ver. Isaac Ainhorn, e nós agradecemos a sua
colaboração.
O SR. JOÃO DIB: Solicito uma cópia do
Requerimento, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Será concedida a V. Exª
imediatamente.
Com a palavra o Ver. Antonio
Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente dos
trabalhos, Srs. Vereadores. Desde que nós assumimos a Presidência desta Casa,
nós temos buscado o tema, a transparência possível em relação às decisões que
são assumidas tanto pela Presidência, em questões mais imediatas e simples,
quanto em questões de encaminhamentos, em questões de decisões políticas, em
questões que há mais de 10 ou 15 anos não se tomava nenhuma providência nesta
Casa. É o caso, por exemplo, da mesa telefônica. Todos os Vereadores mais
antigos sabem que há mais de dez anos se empurra o Processo de um lado para o
outro para atualizar, para comprar o seu equipamento novo. E é o caso inclusive
de alguns procedimentos administrativos que eu diria ultrapassados, velhos com
cacoetes, dentre os quais por vezes aquelas pequenas manias que quando falta
uma chefia vão-se instalando, se leva tempo para quebrar posteriormente. Ontem
à tarde, quando o Ver. Isaac Ainhorn indagava sobre o seu Requerimento e eu
discutia com o Vereador, afirmando que havia assinado um ofício convidando o
Secretário, fui verificar pessoalmente o que dizia o Requerimento do Vereador.
E fui eu e ninguém mais que alertou ao Vereador, e alertou a mim mesmo, de que
havia uma prática nesta Casa e confirmei isso posteriormente, uma prática ruim,
mas uma prática que não foi inventada no dia 1º de janeiro de 1991. Em que,
independente do Requerimento assinado pelo Vereador, se convida o Secretário, e
na mesma hora eu chamei o Diretor Administrativo e dei ciência disso ao Ver.
Isaac, e por isso estranho a Questão de Ordem do Ver. Isaac, no sentido de que
se cumprisse a correspondência no que diz a ementa e sobre tudo o que pede o
Vereador: se o Vereador convoca, o ofício deve convocar; se o Vereador convida,
o ofício deve convidar, porque temos rituais diferentes. Então, estranho a
manifestação do Ver. Isaac porque expliquei ao Vereador a explicação que ele me
merece. E, recebi, ontem à tarde, a explicação, pelo menos há dois anos esta
era a prática da Casa, uma prática que eu não pretendo que continue, porque há
uma profunda diferença entre convidar e convocar, e nós até há dias discutíamos
isso aqui, se iríamos convidar ou convocar cada Secretário, é um ritual
diferenciado. No convite, nós acertamos uma data em comum, na convocação, o
Secretário define a data, está explícito no Regimento Interno. Eu quero colocar
isso aqui com muita clareza, com muita objetividade, porque realmente não
costumo ter duas caras, nós temos procurado modernizar esta Casa, a prática
administrativa desta Casa é medieval, ela está absolutamente desequipada,
desaparelhada, parece que é proposital, para a Casa não poder trabalhar.
Há anos não se preenchem vagas
dos concursos nos quadros iniciais da Casa, então nós temos uma série de
problemas nesta Casa que estamos buscando resolver. Por outro lado, ouvimos há
dois dias atrás um Requerimento, discurso de um Vereador que pretendia reclamar
da morosidade da Administração da Casa, que havia demorado para processar isso,
isto, que eu acho, antes de tudo, que é um desrespeito do Vereador consigo
próprio. Isto é um pedido de CPI que não cumpre o Regimento Interno, porque
vem, além das assinaturas dos Vereadores, assinado carnavalescamente por um
monte de entidades e de pessoas; e nenhum desrespeito com as entidades ou
pessoas, mas que obrigou a Administração da Casa a redatilografar isto.
(Mostra algumas folhas
datilografadas.)
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, apenas para esclarecimento em relação ao
Requerimento da convocação, efetivamente quando eu questionei, posteriormente,
V. Exª me informava da confusão existente, que tinha erradamente saído convite
quando era convocação. Convite não é convocação e nem convocação é convite,
apenas, hoje, eu me cingi a um questionamento, Sr. Presidente, no sentido de
saber se já tinha, havia sido expedido o convite ao Sr. Secretário. Era esse o
objeto da minha indagação. Acho que o lugar próprio e adequado era propriamente
aqui, inclusive depois foi questionado que não havia quesitos e eu informei que
era um único quesito e que estava constando do meu pedido. Sou grato.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Ver. Isaac Ainhorn, se V.
Exª tivesse me ouvido bem ontem, V. Exª tinha guardado de memória que lhe disse
que os ofícios já haviam saído e que eu já havia falado por telefone com os
Secretários e estava completando os quatro convites de convocações, dois ao
Secretário Verle, um ao Secretário Diógenes, um ao Diretor do Departamento
Municipal de Águas e Esgotos. E por uma questão apenas de racionalização e de
organizar as Sessões da Casa, que hoje, quinta-feira às 18 horas, é o dia em
que nós montamos as Sessões da semana que vem, nós iríamos imediatamente
expedir este aviso a todos os Vereadores, o que de fato será feito. Temos as
quatro convocações e convites marcados. E se teria evitado, Vereador, que na
ausência do Presidente que com V. Exª dialogou, uma cobrança em Plenário que
poderia ter sido feita pessoal, no gabinete da Presidência, porque eu jamais me
neguei a dar explicação a nenhum Vereador e sobretudo na minha ausência, Ver.
Isaac Ainhorn.
O Sr. Wilson Santos: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu quero registrar em Ata, nos Anais e para V. Exª,
que usa o tempo de Presidência, que eu anulo a minha participação, torno
publicamente inválida a minha participação no Requerimento dessa Comissão
Parlamentar de Inquérito – CPI – para a EPATUR, porque me considero
desrespeitado. Cada Vereador que faça a sua avaliação. Na minha avaliação,
convocação de CPI é feita por Vereadores, não por entidades. Não tenho nada,
absolutamente, contra as entidades carnavalescas, mas se tornou num ato carnavalesco
este documento. Portanto, eu estou retirando a minha assinatura desta
convocação e repito, não pode num documento de convocação de CPI assinatura de
entidades estranhas à Casa, apenas assinatura de Vereadores. Por isto aproveito
o aparte, Sr. Presidente, para retirar a minha assinatura deste documento.
O Sr. Wilton Araújo: V. Exª permite?
O SR ANTONIO HOHLFELDT: Logo que conclua,
Ver. Wilton Araújo, e V. Exª não me deu a chance do aparte no dia em que V. Exª
falou sem a minha presença neste Plenário.
Então, eis porque foi
redatilografado o Requerimento do Ver. Wilton Araújo, que estava exatamente por
ser assinado pelo Vereador, e, ao que parece, o Vereador preferiu vir à tribuna
se queixar, ao invés de assinar e dar o andamento, motivo pelo qual requisitei,
na mesma hora, o Processo para poder discutir da mesma forma que o Vereador
fez, com uma diferença, de frente, e não na ausência do Vereador, motivo pelo
qual, ontem, não abordei o assunto nesta Casa.
Queria lembrar a cada Vereador,
respeitosamente, que eu disse aqui e essa tem sido uma linha da Mesa, tenho
conversado com o Ver. Nereu D’Ávila, tenho conversado com cada Liderança da
Casa, com cada Vereador, a partir do momento de 1º de janeiro de 1991, sou
Presidente dos 33 Vereadores da Casa e não faço diferença, como não tenho
feito, inclusive, com os companheiros do Partido dos Trabalhadores. E não vou
aceitar, não vou aceitar este tipo de tentativa de se aparecer em cima de uma
administração que tem procurado ser a mais equilibrada possível e respeitosa
possível. A disputa acabou lá no dia 15 de dezembro, daqui a dois anos haverá
outra.
Eu queria deixar isso muito
claro, porque eu gostaria que a Casa funcionasse com os trabalhos da Casa,
valorizando a atividade política da Casa e não as disputas pessoais, que eu não
vou embarcar neste tipo de disposição.
Ver. Wilton Araújo, o aparte que
V. Exª não me permitiu há dois dias atrás.
O Sr. Wilton Araújo: Não lhe permiti porque V. Exª
não estava no Plenário.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Exatamente, Vereador,
V. Exª ratifica a minha idéia de que V. Exª não teve sequer a hombridade de
falar na minha frente.
O Sr. Wilton Araújo: Olha, eu acho que o nível da
discussão pode ser um pouco elevado...
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Se. V. Exª conseguir
chegar nele, vamos ter um nível elevado.
O Sr. Wilton Araújo: E falo na sua frente como não
falei naquele momento porque, lamentavelmente, o Presidente não estava.
Aconteceu o fato naquele momento e me trouxe a Assessoria da Casa
redatilografado um documento, que nunca vi isso acontecer na Casa, pegar um
documento de convocação de CPI, rabiscá-lo e redatilografá-lo e depois de cinco
dias reapresentar para o autor para que ele buscasse de novo as assinaturas.
Isso nunca aconteceu. E, nesse caso específico, eu com toda a razão e motivo
subi à tribuna para reclamar, algo que tradicionalmente é feito com a maior
consideração pela Casa. Está errado, e se por não ter falado na frente de V.
Exª acha que está errado, falo agora. Repetiria tantas vezes quantas
necessárias Quando se quer transparência e substância social e embasamento
político, por que não se agora devido à nova Lei Orgânica, nós temos Leis,
Projetos assinados por entidades, então por que agredir as entidades
carnavalescas como está sendo feito agora porque elas subscreveram? Por que
protelou o Partido de V. Exª tanto tempo o Requerimento por uma Sessão Especial
onde seria colocado o assunto? Por quê? Foi isso que eu fui fazer na tribuna,
perguntar por quê? E não recebi respostas até agora, a não ser chamar a Associação
das Entidades Carnavalescas, desmerecer a sua participação nesse apoiamento
político, sim. Porque se é formalmente exigido onze Vereadores, nós temos mais
do que isso. Por que não deixar que uma entidade se manifeste livremente, se
assim o quis fazer? Por que desmerecer essa participação? Eu acho que esta Casa
tem que dar mais ouvidos, lá. Não é só votar na Lei Orgânica e depois não dar a
participação, e é isso que está sendo feito, Sr. Presidente. E é por isso que
eu subi à tribuna para exigir o tratamento igual. E não adianta subir à tribuna
e gritar, dizendo que não é verdade, Vereador. Eu agradeço, falo, e se tiver
qualquer dúvida da hombridade dos atos, nós estamos aqui para resolver.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Ver. Wilton Araújo,
V. Exª pediu a altura e, pelo visto, caiu da altura. Vou-lhe repetir: isto não
está previsto no Regimento Interno. Quando nós cumprirmos o Regimento Interno,
mudando e adequando, eu terei imenso prazer em receber, mas a informação que eu
tenho é que os Vereadores assinaram antes e, portanto, desconheciam, inclusive,
a complementação das assinaturas, e daí a rebelião do Ver. Wilson Santos. Aí eu
acho que é uma questão mais grave. Como tivemos, num dia destes, uma situação
que preferi deixar no âmbito da Comissão, de uma modificação de voto de um
Vereador, que votou de uma maneira e posteriormente mudou o voto na tramitação
do processo, gerando um pequeno problema na Comissão. Então, quero dizer que
não vou discutir com V. Exª se estou procrastinando, se estou diminuindo a importância
das escolas de samba. Eu acho que não precisamos entrar nessa discussão. Mas
quero colocar que quando V. Exª quiser cobrar uma coisa eu estou à disposição.
É da minha obrigação. Mas quando V. Exª quiser pedir alguma coisa, V. Exª se
decida pelo que V. Exª vai querer pedir, porque por três vezes seguidas V. Exª
pediu coisas que não cabiam no Regimento Interno. E eu busquei ter a atenção e
o respeito de buscar as soluções e orientar o Vereador, no sentido de chegarmos
ao resultado. Inclusive, eu acho que não tem nem que ver com a Bancada do PT,
se houve atraso ou não. Quando V. Exª souber como usar o Regimento e pedir o
que o Regimento prevê, nós vamos atender de imediato. Esta é a nossa questão.
Não sei se o Regimento é bom ou ruim; ele vai ser mudado, o Ver. Lauro Hagemann
deve instalar a Comissão do Regimento Interno nos próximos dias. Quanto mais
rápido melhor, para evitarmos esse tipo de problema. Mas vamos resolver, até
cumprir o Regimento. Agrade ou não, nós temos tido discussões com outros Vereadores,
com o Ver. Dib, mas nós vamos buscar cumprir isso, com todo respeito, pois foi
isso que nós nos comprometemos, não o Presidente, os 33 Vereadores.
O Sr. Wilton Araújo: Segundo entendo, então, o
Requerimento é anti-regimental?
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Assinado por outras
entidade é, Vereador.
O Sr. Wilton Araújo: Não é. Eu peço que a Mesa,
ouvida a Diretoria, ouvida a Comissão de Justiça, me responda por escrito,
porque não é possível um Município onde nós todos, os 33 ou a grande maioria
deles, primamos para aumentar a participação popular, e o Presidente da Casa
venha dizer que a assinatura em um Requerimento seja anti-regimental. Não posso
acreditar nisto, Vereador. V. Exª está desfazendo uma imagem pública que fez
por merecer até este momento.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Ver. Wilton Araújo,
sou seu aliado em nós alcançarmos isto que V. Exª quer, mas, até agora, o nosso
Regimento não prevê. Isto terá de ser previsto e eu apóio que se preveja isto.
Mas, isto não está previsto, Vereador; é apenas esta a questão. E veja,
Vereador, que não levantei este problema no sentido de devolver a V. Exª o
Requerimento, mas mandei apenas processá-lo e fazer uma nova datilografia para
fazer o encaminhamento.
O Sr. Wilton Araújo: Veja bem, Sr. Presidente, desde
o momento em que a nova Constituição de 1988 foi promulgada, esta Casa se
adequou imediatamente aos seus dispositivos, votando inclusive o “quorum” antes
de mudar o Regimento Interno.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Mudando o Regimento
Interno, Ver. Wilton Araújo, por decisão do Plenário, e não houve nenhuma
decisão do Plenário nesse sentido. Se V. Exª requerer, eu coloco em votação, ou
o Ver. Ferronato, ou quem estiver presidindo os trabalhos.
O Sr. Wilton Araújo: Veja bem, eu acho que nós
estamos pegando um caso e estamos mudando toda a nossa história por causa de um
caso específico. Que interesse há por trás disso aí?
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Colocadas estas
explicações, Vereadores, eu quero, uma vez mais, ratificar: nós temos um
compromisso com o cumprimento do Regimento Interno. Se existirem disputas
pessoais, eu acho que este não é o local para se resolver. Agora, eu gostaria
de, se houver críticas, os Srs. Vereadores, até por respeito à Casa, que as
fizessem diretamente, frontalmente, abertamente e não na ausência deste
Presidente. Eu estou pronto a responder a toda e qualquer crítica, dar toda e
qualquer explicação, porque é a minha obrigação, mas gostaria que nós
tivéssemos, efetivamente, um bom nível de trabalho na Casa, porque o mais
importante é o que nós estamos votando, nós estamos decidindo para a população,
e não as disputas pessoais que não vão nos levar a nada.
O SR. PRESIDENTE: Questão de Ordem com o Ver.
Wilton Araújo.
O SR. WILTON ARAÚJO (Questão de Ordem): Diante do pronunciamento do Presidente da Casa, eu transformo em
Requerimento o aparte que fiz. Eu gostaria de ver a Comissão de Justiça da Casa
se pronunciar sobre a anti-regimentalidade do apoiamento de entidades
representativas da sociedade em Requerimento.
O SR. PRESIDENTE: Está recebida a Questão de Ordem
de Vossa Excelência. O Requerimento será encaminhado à Comissão de Justiça da
Casa.
Estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 16h46min.)
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